ATA DA VIGÉSIMA PRIMEIRA SESSÃO EXTRAORDINÁRIA
DA TERCEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA LEGISLATURA, EM 27.11.1991
Aos vinte e sete dias do mês de novembro do ano de mil novecentos e
noventa e um reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, em sua
Vigésima Primeira Sessão Extraordinária da Terceira Sessão Legislativa
Ordinária da Décima Legislatura. Às dez horas e cinqüenta e dois minutos foi
realizada a chamada, sendo respondida pelos Vereadores Adroaldo Correa, Airto Ferronato, Antonio Hohlfeldt, Artur
Zanella, Clóvis Ilgenfritz, Cyro Martini, Décio Schauren, Dilamar Machado, Edi
Morelli, E1ói Guimarães, Gert Schinke, Giovani Gregol, Isaac Ainhorn, João Dib,
João Motta, José Alvarenga, Lauro Hagemann, Leão de Medeiros, Luiz Braz, Nelson
Castan, Nereu D'Ávila, Omar Ferri, Vicente Dutra, Vieira da Cunha, Wilson
Santos, Wilton Araújo e João Bosco. Constatada a existência de
"quorum", o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos. Em PAUTA - Discussão
Preliminar, esteve em 2º Sessão, o Substitutivo nº 03 aposto ao Projeto de Lei
Complementar do Executivo nº 10/91, discutido pelos Vereadores Isaac Ainhorn,
Adroaldo Correa e Dilamar Machado. A seguir, o Senhor Presidente apregoou a
Emenda nº 17, do Vereador Wilson Santos, ao Projeto de Lei Complementar do
Executivo nº 10/91. Em continuidade, foi aprovado Requerimento do Vereador José
Valdir, solicitando Licença para Tratar de Interesses Particulares nesta data.
Em continuidade, o Senhor Presidente declarou empossado na Vereança o Suplente
Heriberto Back, em substituição ao Vereador José Valdir e, informando que Sua
Excelência já prestara compromisso regimental nesta Legislatura, ficando
dispensado de fazê-lo, comunicou-lhe que passaria a integrar a Comissão de
Educação e Cultura. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador João Dib falou da
preocupação da população no referente à cobrança do IPTU, dizendo que a mesma
solicita maiores informações a respeito do referido imposto. Teceu comentários
acerca das manifestações feitas nas galerias, do Plenário, por representantes
de bairros, durante o dia de hoje. Após, o Senhor Presidente convocou as
Lideranças Partidárias para reunião a ser realizada a seguir, a fim de tratar
do andamento dos trabalhos da presente Sessão. Às onze horas e trinta e oito minutos,
nada mais havendo a tratar o Senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos
às onze horas e trinta e oito minutos, convocando os Senhores Vereadores para a
Sessão Ordinária de hoje, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelo
Vereador Antonio Hohlfeldt e secretariados pelo Vereador Leão de Medeiros. Do
que eu, Leão de Medeiros, 1º Secretário, determinei fosse lavrada a presente
Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada pelo Senhor
Presidente e por mim.
O SR. PRESIDENTE (Antonio
Hohlfeldt): Está aberta a presente Sessão.
Colocamos em votação o Requerimento do Ver. José
Valdir, que requer licença para tratar de assuntos particulares no dia de hoje.
Relatório do Ver. Omar Ferri é legal e regimental pela aprovação, firmado pelos
demais membros da Mesa. Em votação o Requerimento do Ver. José Valdir. (Pausa.)
Os Senhores Vereadores que estiverem de acordo permaneçam como estão, os
contrários se manifestem. (Pausa). APROVADO. Convocamos o Ver. Heriberto
Back, Suplente pela Bancada do PT, para assumir em substituição do Ver. José
Valdir. Ver. Heriberto Back já se encontra no Plenário, já tendo prestado
compromisso regimental nessa legislatura fica dispensado de repetir na
oportunidade, segundo art. 5º, do Regimento Interno, sendo empossado nesse
momento na Comissão de Educação e Cultura.
A seguir, passa-se à
PAUTA -
DISCUSSÃO PRELIMINAR
2ª
SESSÃO
PROC. Nº
2550/91 – SUBSTITUTIVO Nº 03, de autoria do Ver. Wilson Santos ao PROJETO
DE LEI DO EXECUTIVO n° 10/91, que estabelece o reajuste do Imposto Predial
e Territorial Urbano para o exercício de 1992.
O SR. PRESIDENTE (Antonio
Hohlfeldt): Para discutir a Pauta, com a palavra o Ver. Isaac Ainhorn.
O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores. Na guerra da mídia, o Sr. Prefeito Municipal de Porto Alegre
consegue fazer verdadeiros milagres. Veja, V. Exª, o seguinte: primeiro o
Prefeito Olívio Dutra fecha, multa e cassa as livrarias da Cidade de Porto
Alegre. Na outra semana, ele aparece comprando livros da livraria que está
aberta com ordem judicial. É muito curioso tudo isso. É a guerra da mídia, em
que o Sr. Prefeito Municipal tem aquela condição, assim, daquele general
americano da Guerra do Golfo, o General Schwarzkopf, que tinha a seu alcance
toda a mídia possível.
O Sr. João Dib: V. Exª permite um
aparte? (Assentimento do orador.) Espero que o Sr. Prefeito trate da mesma
forma os comerciantes que dia 2 de novembro foram multados por terem aberto as
suas portas - a pedido até de funcionários já que não funcionaram na sua
plenitude, mas a SMIC, atenta, na forma de uma nota muito extensa publicada nos
jornais da cidade, autuou a todos. Espero que aceite as ponderações e, nesse
momento difícil que vive o comércio, não tente arrecadar um pouquinho mais em
multas.
O SR. ADROALDO CORRÊA (Questão de Ordem): É apenas para
saber do orador - a um minuto e quarenta e cinco segundos decorridos de seu
tempo - porque não estou entendendo a discussão. Tem um substitutivo em Pauta e
o Ver. Isaac Ainhorn já deu aparte sobre outra pauta. Não entendo qual o
projeto que o Vereador está discutindo.
O SR. PRESIDENTE: A Mesa vai acompanhar o
discurso para poder decidir.
O SR. ADROALDO CORRÊA: O assunto não está em
Pauta.
O SR. PRESIDENTE: Se é o que V. Exª
sugere, a Mesa recebe a Questão de Ordem de V. Exª e, ao contrário do que o
orador disse, nós não temos uma guerra, e sim a votação de um projeto polêmico
e, portanto, vamos levar a nossa Sessão com tranqüilidade, discutindo todos os
pontos de vista. Temos tempo até a meia-noite de hoje. Continua com a palavra o
Ver. Isaac Ainhorn.
O SR. ISAAC AINHORN: O Presidente da Casa,
com a sua acuidade intelectual, percebe, talvez, aonde é que gostaria de
chegar, quando eu comecei dizendo da visita do Sr. Prefeito às livrarias no
último fim-de-semana, largamente publicada pela mídia da cidade, na
segunda-feira. Hoje, o Prefeito comparece novamente às páginas dos jornais,
invertendo toda a história do IPTU. A notícia diz o seguinte "Crise limita
aumento do IPTU. A Prefeitura de Porto Alegre vai levar em conta a crise
econômica do Brasil para reajustar o IPTU no Município em 1992." A
garantia foi dada ontem, pelo Prefeito Olívio Dutra, assegurando que esse
imposto vai ser calculado somente sobre 50 ou 60% do valor venal de mercado do
imóvel, para não penalizar o bolso do contribuinte." Pois é, os jornais,
curiosamente, em primeiro lugar, não registram a fragorosa derrota que teve a
Bancada do PT ontem à tarde, quando tentou impor à Cidade mais uma de suas
taxas, a taxa do transporte público. Ontem, aliás, o Secretário Municipal de
Transportes passou a tarde aqui, certamente porque lá não tenha muito com o que
se preocupar, com aquela loucura que está o transporte, lá na Zona Norte, com o
problema do corredor de ônibus, e ele aqui, tranqüilo, acompanhando uma votação
que já sabia de antemão que seria derrotada. Mas, silencia total, e aparece
hoje o Prefeito Olívio Dutra dizendo que os aumentos do IPTU não são
penalizantes. Talvez seja por tudo isso que neste momento eu estou pedindo até
que se cumpram os prazos do Regimento Interno para que possamos até responder,
para que a Casa, no seu conjunto possa ter a sorte, a ventura de ter essa
condição de espaço da mídia no sentido de mobilizar a Cidade para alertá-la das
distorções em relação ao IPTU. Porque vejam V. Exas que a proposta
do Prefeito Olívio Dutra com relação ao IPTU é fundamentalmente a proposta da
Planta de Valores. E mais, o que quer o Prefeito é que nenhum Projeto seja
aprovado, porque daí, fica valendo só a Planta de Valores. E eu apelo aos Vereadores
das bancadas democráticas e oposicionistas desta Casa para que tenhamos a
sensibilidade de para qualquer proposta alternativa nos unirmos para termos
dezessete votos, porque Lei Complementar precisa de dezessete votos, sob pena
de não aprovarmos nenhuma das propostas e ficar valendo esse escorchante
aumento que mais uma vez se pretende lançar sobre a população de Porto alegre
com base no IPTU. Vou registrar o fato do Mont'Serrat, onde mais de mil chalés
de madeira estão sendo penalizados com valores verdadeiramente absurdos em
termos de IPTU em que aquelas famílias pobres, humildes, não terão outra
alternativa, se esta Casa não botar um freio ao IPTU, do que se submeter à
sanha dos especuladores imobiliários e ter que vender os seus imóveis a um preço
vil, porque a moeda está curta para todo mundo. Essa é a grande realidade! Esta
Casa não pode permitir que se aprove a proposta do Prefeito Municipal, até
porque, quando ele apresenta algumas alternativas de aplicar a inflação, é para
os mutuários do Sistema Financeiro de Habitação com renda até 5 salários
mínimos, para os inquilinos com renda até 5 salários mínimos. Dos 330 mil
imóveis residenciais, cerca de 85 mil são locados. E, mais uma vez, vai se
repetir a situação de inquilinos pagando mais IPTU do que o valor de aluguel.
Nós entendemos isso como uma violência, até porque o grande proprietário de
imóveis da Cidade de Porto Alegre se encontra despreocupado. Têm uns que têm
800,1000, 1200 imóveis lançados aí nas grandes imobiliárias da Capital, eles estão
despreocupados porque eles só pagam o IPTU sobre um imóvel, porque, sobre o
restante, quem paga o IPTU é o inquilino, por força dos contratos existentes. E
esta Casa conseguiu estabelecer alguns freios a esta sanha tributária, através
de uma heróica autoconvocação, aqui desta Casa, no mês de janeiro. E mesmo com
todos os vícios de Constitucionalidade, o Prefeito teve que engolir as decisões
desta Casa a contragosto.
O Sr. João Dib: V. Exª permite
um aparte? (Assentimento do orador.) Nobre Vereador, eu acompanho com atenção o
pronunciamento de V. Exª e com preocupação o que está acontecendo no IPTU. Mas
nós chegaremos a uma solução, quando nós despersonalizarmos essa solução à
semelhança do que ocorreu na convocação extraordinária, quando todos os Partidos
se juntaram e, de repente, surgiu uma solução. Eu acho que nós não podemos
personalizar o autor da solução, os Partidos aqui representados têm obrigação
de representar a população e uma solução conjunta deve ser a solução para o
problema do IPTU.
O SR. ISAAC AINHORN: Eu quero dizer
a V. Exª que, se este for o caminho apontado, acho absolutamente correto. E,
por esta razão, eu invoquei o anúncio regimental das 48h, e, nestas 48h, nós
tenhamos o prazo necessário para que as Lideranças, democráticas e oposicionistas,
aqui, da Câmara de Vereadores, encontrem uma alternativa em termos de uma
proposta que seja um 4º Substitutivo, quem sabe, uma proposta alternativa que
seja uma alternativa de todo o conjunto da Casa.
Eu sou grato ao Ver. Leão de Medeiros pela
consideração que faz neste momento.
A nossa Bancada do PDT pretende, inclusive,
reunir-se no dia de hoje e tomar uma posição monolítica em relação ao problema
do IPTU na Cidade de Porto Alegre.
Eu acredito que as demais Bancadas, e o próprio
PT poderá se sensibilizar, de repente, e se dar conta de que tem muita
distorção, tem muito aumento exagerado. Veja V. Exª o seguinte: tão somente a
inflação sobre o valor que as pessoas pagaram de IPTU, sem os benefícios, se
constitui, Ver. João Dib, numa verdadeira violência que se pratica contra a
população de Porto Alegre. Eu tenho certeza de que o Ver. Clovis Ilgenfritz, o
Ver. Adroaldo Corrêa não quererão esta violência contra a população, alias,
eles foram sensíveis, não votaram a favor daquela proposta de minorar os
efeitos do IPTU sobre a população, mas contribuíram para o debate, para a
discussão. E vamos acabar com este mito, aqui, de quem tem mais deve pagar
mais. Isto existe e acho correto, quem tem mais deve pagar mais. Mas não em
relação ao IPTU. E outra coisa, o mito, aí ...
( Manifestação das galerias.)
O SR. ISAAC AINHORN: Eu vou
explicar: porque é uma ilusão, um funcionário público federal, estadual e
municipal que está com o seu salário arrochado e tem, eventualmente, uma
propriedade, tem um imóvel, ele não tem condições de pagar o IPTU que o Sr. Prefeito Municipal quer
impor em cima desta gente. É neste sentido que o IPTU não é critério para
distribuição de renda. Por que não se penaliza o que tem 100, 200 propriedades
nesta Cidade? Esses, o PT está protegendo! Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Srs.
Vereadores, Srs. visitantes nas galerias, Ver. Isaac Ainhorn, Ver. Clovis e
Ver. Gregol, a Mesa faz um apelo a todos os Srs. Vereadores para que se
respeite o Regimento Interno. Em primeiro lugar, não se dirigindo diretamente
as galerias, em segundo lugar, respeitando o tempo regimental e em terceiro
lugar, não fazendo apartes anti-regimentais. E, por outro lado, a Mesa faz um
apelo aos nossos visintes: o Regimento Interno da Casa proíbe a manifestação
das galerias. O mesmo carinho e o mesmo respeito que recebemos a todos os
senhores e temos o prazer de tê-los conosco, porque é direito e eu diria que é
o dever do cidadão acompanhar o que ocorre na Casa, nós pedimos também que os
senhores colaborem com a Casa, respeitando o Regimento. Caso contrário, nós
teremos que tomar as providências que nos permite o Regimento Interno. Sessões
abertas, sim, pública, sim, porque o Regimento da Casa e a Lei Orgânica proíbe
a Sessão secreta. Mas retirando-se aquele que não respeitar o Regimento
Interno. Isto seria profundamente entristecedor para esta Presidência, que
gosta de respeitar, mas que gostaria de ser respeitada.
Pela ordem de incrições, Ver. Adroaldo Corrêa,
dez minutos com V. Exª.
O SR. ADROALDO CORRÊA: Sr. Presidente,
Srs. Vereadores, demais presentes nesta Sessão. O Processo nº 2250/91,
em Pauta, de segunda Sessão, Substitutivo nº 03, do Ver. Wilson Santos, ao
Projeto de Lei Complementar do Executivo, que estabelece o IPTU e que o Ver.
Isaac Ainhorn, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, em dez minutos que esteve aqui
Sr. Presidente e Srs. Vereadores, não disse se apóia ou não, era essa a minha preocupação. Ele esteve aqui
falou de uma entrevista do Prefeito Olívio Dutra, que deve ter sido dada as
três da tarde como costumeiramente, e não poderia ter falado com o Prefeito
sobre a taxa de transporte, que ainda não tinha sido votada por esta Câmara,
porque foi votado às 19 horas, o Ver. Isaac Ainhorn freqüenta as redações,
ocupa espaço de redador, freqüenta espaço de jornalistas, faz jeito, parece que
entende, mas não aprende. Quem dá entrevista às três da tarde não pode falar de
uma coisa que acontece às 19 horas. Nós enquanto Partido dos Trabalhadores
estamos dando nesse espaço o aparte que o Ver. João Dib não obteve da Liderança
do PT, que me pediu que desse. O Vereador não deseja usar.
Em relação ao Substitutivo do Ver. Wilson Santos,
nós concordamos gênero, número e grau com a exposição do Ver. Airto Ferronato,
feita na primeira sessão de pauta na discussão desta tribuna.
Nós concordamos que é simplista o Projeto, que
tem talvez o único objetivo que foi alcançado pela proposta que contraria um
acordo feito pelas Lideranças todas desse Plenário, que está fazendo o Ver.
Isaac Ainhorn, de que o avulso tenha sido distribuído pelo prazo regimental de
48 horas, antes dessa Sessão. Esse talvez seja o mérito do substitutivo
apressado, ligeiro, simplista, imediatista, sem conteúdo do Ver. Wilson Santos
que o apresenta, e não vem discuti-lo.
Porque este é o mérito único desse Substitutivo,
de fazer com que esta Câmara de Vereadores, que fez um acordo responsável das
Lideranças políticas com a Mesa Diretora da Casa da ordem dos trabalhos, quanto
aos dias de votação, turnos, e outras resoluções que nós devemos tomar em
relação aos Projetos de Orçamento e taxas que estão nesta Casa.
Havia uma ordem anterior, e foi levantada a
questão de que as taxas e os impostos estão colocando receita no orçamento. É
justou? Se modificou esta ordem dos que muitos que estão aqui supunham que nós
votaríamos pela manhã o orçamento em nome desse critério razoável de que se as
taxas informam a receita, elas devem estar resolvidas junto com os impostos
antes da votação do orçamento, que fixa as receitas, mas também as despesas
relativamente a essas receitas.
Ontem para variar, com a queda da taxa do
transporte em torno de um bilhão de cruzeiros, previstos na arrecadação dessas
taxas foram retiradas da coluna das receitas, obviamente vamos ter que recolher
em algum lugar, na coluna das despesas, que tem que ser igual, e o Ver. João
Dib insiste nisso permanentemente no mesmo valor, algo que não será investido
em torno de um bilhão de cruzeiros nessa Cidade, porque não tem fonte de
arrecadação.
O Sr. João Dib: V. Exª permite
um aparte? (Assentimento do orador.) Sr. Vereador Adroaldo Corrêa, até para
poupar esforços de algumas presenças aqui, eu gostaria que fosse bem claro, que
progressividade do IPTU não está em discussão. Que não tragam à discussão um
negócio que a Câmara disse que não há problema.
O SR. ADROALDO CORRÊA: Nós acreditamos
Ver. João Dib, que as pessoas que fazem o que fazem, têm as suas razões. Em
algumas vezes essa Câmara já ameaçou a progressividade orgânica do IPTU. Tentou
retirar a progressividade, talvez isso ainda seja um eco daqueles momentos, em
que propõe a extinção da progressividade, hoje, propõe um IPTU menor para quem
tem mais. Talvez seja isto. Então, nós queríamos dizer exatamente isto, que
objetivo tem este substitutivo que nós somos contra, que objetivo tem:
derrogar, delongar, procrastinar, fazer jogo de cena. Se tivesse outro, o
Vereador estaria aqui atento, conversando com os seus pares, buscando apoio ao
seu Projeto. É isso que todo o Vereador que tem projeto nesta Casa faz. Nós
apoiamos esta intenção manifestada pelo Ver. João Bosco de derrubar este
Substitutivo, em nome do acordo sério, como propôs aqui o Ver. Airto Ferronato,
que tem neste momento um aparte.
O Sr. Airto Ferronato: Eu quero
aproveitar a oportunidade para registrar também os meus protestos com relação
primeiro a este tipo de projeto que volto a me referir. Primeiro é muito
simples, simplista, ele traz números cabalísticos sem nenhum fundamento que não
leva a nada. O meu protesto também pela ausência do Vereador que apresenta este
tipo de projeto e não está aqui sequer para ouvir o que se tem a dizer, e para
contra-argumentar porque se apresentou um tipo de proposta neste sentido?
Então, meus profundos sentimentos para este tipo de proposição. Obrigado.
O Sr. Isaac Ainhorn: V. Exª permite
um aparte? (Assentimento do orador.) Vereador, eu conversava há pouco com o
Ver. Leão de Medeiros e dizia que esta Casa tem que buscar uma alternativa em
termos de IPTU, viável para a população para que em janeiro não tenhamos que
nos autoconvocar, depois da distribuição dos carnês, por justiça até eu invoco
o Ver. Leão de Medeiros, que com ele conversava sobre esta questão e ele me
dizia: "O que vai acontecer? É que vão distribuir os carnês e vai haver um
novo clamor popular e novamente nós teremos que nos autoconvocar e acontecerá o
que aconteceu na outra vez." V. Exª sabe, se for necessário, se tiver que
votarmos, vamos votar hoje, não vamos procrastinar, agora com a sensibilidade
de que não vamos ter que nos autoconvocar em janeiro.
O SR. ADROALDO CORRÊA: Obrigado, Ver.
Isaac Ainhorn. Na minha avaliação o que aconteceu foi antes da população de
Porto Alegre receber o carnê, uma grande atropelada de imprensa convocada
talvez por V. Exª porque nós também como somos do meio sabemos que tem uma coisa
em Porto Alegre que não vende jornal, uma coisa, o verão não vende jornal em
Porto Alegre e aí precisa de alguma coisa para vender jornal em Porto Alegre,
precisa de um clamor popular pelo tributo baixo, e aí o Vereador vai à imprensa
e diz que está recebendo demanda para diminuir o valor dos carnês recém
chegados, - e outros nem sabiam o valor, porque não tinham recebido ainda, -
tinha dúzias e dúzias de contribuintes pedindo para baixar o imposto, e
aumentar a venda dos jornais, principalmente, de alguns jornais que não têm
condições de subsistir se a sua venda diminuir de cem exemplares nesta Cidade.
E o verão funciona para esses jornais, essa imprensa precisa vender, e têm
aliados que promovem a sua política de defender a venda daquilo que defende os
seus interesses. Vamos vender mais jornais no verão, ou vamos resolver o IPTU
neste momento? É que o Vereador freqüenta, mas não conhece o meio, não sabe que
o sábado inglês não interessa ao comerciante, porque ele tem que anunciar no
jornal, então não interessa ser o dono do jornal, o dono do jornal que é o
anunciante, que aí faz tudo para que o anunciante faça as suas promoções. Mas o
Substitutivo do Ver. Wilson Santos é inútil, a não ser para atrapalhar o IPTU.
Obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: A Mesa apregoa
nova Emenda do Ver. Wilson Santos, Emenda de Liderança nº 17 ao Projeto
original, altera o artigo 2º, a aplicação do disposto no artigo anterior
dependerá de requerimento do contribuinte protocolizado, sem ônus, junto à
Prefeitura Municipal, até 31/1/1992.
Pela ordem, Ver. João Motta, desiste;
Ver. Clovis Ilgenfritz, desiste. Com a palavra o Ver. Dilamar Machado.
O SR. DILAMAR MACHADO: Sr. Presidente
e Srs. Vereadores, com relação ao Substitutivo do Ver. Wilson Santos, vou fazer
uma previsão do resultado: não terá nenhum voto favorável, nem o dele, porque
ele não está presente, e, provavelmente, não estará na hora da votação,
conseqüentemente, é um Substitutivo inútil, procrastinador, de mal efeito
político, que apenas perturba o andamento de uma Sessão importante em que esta
Casa também decide uma questão importante, que é a fixação dos índices e
valores do IPTU, o imposto importante, pois é uma das fontes mais sérias de
arrecadação do Município em cada exercício, o qual nos leva a esse debate que,
no fundo, no fundo, é inútil.
Mas, quero aproveitar a previsão, que não é
catastrófica, é apenas de observador, de que o Substitutivo não terá nenhum
voto, nem o dele, que ora está ausente, provavelmente estará na hora da
votação, e vou me referir ao que o Executivo enaminhou a esta Casa. Tive o
cuidado de participar de algumas reuniões da CFO, desta Casa, liderada pelo
Ver. Lauro Hagemann, em que o Secretário João Verle se fez presente com alguns
Assessores da Secretaria da Fazenda. Ao longo das reuniões houve vários
questionamentos, de todos os Srs. Vereadores, do que concluí, em primeiro
lugar, que o Poder Executivo em Porto Alegre encaminhou a esta Casa um Projeto
que consubstancia vários dispositivos que esta Casa impos no início deste ano,
na autoconvocação, realizada para dirimir as questões e dúvidas do IPTU de
1991. Nesse sentido, já vieram assegurados no Projeto original do Executivo as
alternativas de concessão de benefício limitando a atualização do imposto, em
1992, até no máximo a variação do IGP de 1991, para os seguintes contribuintes
( o Ver. Lauro Hagemann está nesse universo de atingidos): com mais de 70 anos;
proprietários de um único imóvel, utilizado exclusivamente como residência, com
renda familiar mensal de até cinco salários-mínimos; aqui repousa a minha
primeira questão, pois cinco salários-mínimos, com essa miséria de salário
deste País, com essa confusão que reina no Congresso Nacional em torno da
política salarial, com o abono oferecido pelo Dr. Collor de Mello, da fabulosa
importância de Cr$10.200,00, que é um deboche à pobreza, pois setenta milhões
de brasileiros passam fome, e isso é manchete nos jornais, hoje, isso daria
Cr$200.000,00. O que me parece muito pouco. Não examinei ainda todas as
emendas, mas deve existir uma do Ver. Airto Ferronato, elevando para dez
salários mínimos.
O Sr. Airto Ferronato: V. Exª permite um
aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Dilamar Machado, quero dizer a V. Exª
que, de fato, existe uma emenda elevando para dez salários mínimo mas a emenda
não é minha. Ela foi apresentada na Comissão, onde houve uma ampla discussão na
qual V. Exª também tomou parte.
O Sr. João Dib: V. Exª permite um
aparte? (Assentimento do orador.) V. Exª diz que a solução não deve ser
personalizada. Pois a Bancada do PDS apresentou um Substitutivo, elevando para
três salários mínimos, fruto de um trabalho desta Câmara em janeiro deste ano.
O SR. DILAMAR MACHADO: Ver. João Dib, me
parece que a esta altura, pela informações do Ver. Airto Ferronato, que há uma
emenda da Casa, porque o item III do projeto diz "para os contribuintes, cuja renda familiar mensal seja de
até 5 (cinco) salários mínimos, proprietário de um único imóvel, com área de
até 600m², destinado à construção da casa própria", ora, essa questão,
pelo que me lembro, foi colocada na lei em janeiro, pelo Ver. Isaac Ainhorn,
durante toda aquela turbulência criada no início do ano, referente à isenção
diferenciada de 5 salários mínimos, 10 salários mínimos para quem tem um único
imóvel. Então me parece que com isso o Poder Executivo absorveu todas as
questões levantadas nesta Casa no início deste ano e já mandou no projeto esses
índices que admite, na nossa ótica, a maioria da população.
A preocupação que temos, Vereador, e essa
preocupação que coloquei para o Secretário Verle. A Secretaria mandou uma carta
para cada contribuinte do IPTU, explicando os critérios e os benefícios,
explicando, inclusive que ali no Tesourinha, há uma equipe da Secretaria da
Fazenda, mas não mandou o valor. E este me parece que foi o problema que não
teve solução. Eu apelei ao Secretário Verle que encontrasse uma fórmula de
mandar junto com a carta já o valor, havia uma questão de difícil solução que é
o fato de que o cálculo do IGP tem que atingir o mês de dezembro. E o valor que
seria encaminhado ao contribuinte não seria o valor que efetivamente ele vai
pagar. Mas então, eu ainda pedi ao Secretário, mande o valor aproximado
alertando que haverá uma pequena alteração em função do IGP de dezembro, ou
mesmo novembro e dezembro. Mas não foi possível talvez por questões técnicas.
Porém, eu estou convencido Ver. Isaac pelo que examinei da própria planta, pela
amostragem que nos foi oferecida nas reuniões da CFO que a grande maioria, a
esmagadora maioria da comunidade porto-alegrense vai pagar em valor real de
janeiro o IPTU, que não vai chegar a 30 mil cruzeiros. E eu lembro que no ano
passado eu paguei no meu apartamento 12 mil cruzeiros de IPTU esse ano, e
paguei 44 mil cruzeiros de IPVA, pelo meu automóvel. Eu considero o IPVA um
imposto muito mais distorcido que o IPTU, e paguei muito mais caro na praia, e
não me queixo, se eu tenho apartamento na praia, eu tenho que enfrentar o
problema, mas em Capão da Canoa o IPTU é muito mais caro que Porto Alegre.
O Sr. Isaac Ainhorn: V. Exª permite um
aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Dilamar Machado, eu quero dizer a V. Exª que me preocupa e foi objeto de um
substitutivo meu, é que como foi no meu entendimento, e isso foi um consenso,
quase, nas Bancadas de oposição na Casa, o IPTU de 1991 foi altamente
penalizante, então eu apresentei um substitutivo que toma como base para
ap1icação o IPTU de 1990. Mas afora isso, eu apresentei no próprio Projeto da
Administração Municipal, algumas alternativas se não der o meu Projeto com 17 votos.
A saber todas aquelas conquistas que nós fizemos e isso também contempla o
substitutivo da Bancada do PDS, mas em relação ao Projeto da Administração além
da questão de ampliar para 10 salários mínimos o direito eu entendo o seguinte,
que aquelas duas grandes vantagens ou seja, os 20%, mais os 20% do desconto que
foi concedido nesse ano devem ser mantidos para o de 1992, porque só aplicar a
inflação sobre o valor do IPTU que foi aplicado ou tem casos que vai além da
inflação, isso se constitui numa vantagem. Segundo aquela possibilidade de que
nós não podemos beneficiar só aquele que paga antecipado, e o que paga
parcelado. Então, eu sustento a manutenção daquela mesma vantagem do Projeto do
Executivo, que são as oito parcelas, ao invés de onze; ou seja, a anistia de
três parcelas. E um dado fundamental, e a propósito, o Ver. Cyro Martini
apresentou emenda ao Projeto do Executivo, é que nós temos que contemplar uma
isenção específica aos aposentados, aos inativos e pensionistas da cidade, que
ganham até três salários mínimos e que tenham mais de 60 anos de idade, isso
nesse ano atípico da vida nacional.
O SR. DILAMAR MACHADO: Agradeço ao aparte de
V. Exª, mas quero fazer um apelo diretamente aos Vereadores Isaac Ainhorn e
João Dib, que, parece, são autores de dois substitutivos, porque o do Ver.
Wilson Santos já nasceu morto. O apelo é para que transformem os seus
substitutivos em emendas ao projeto original. Isso facilitaria grandemente na
discussão e solução final do problema, até por que a rejeição do substitutivo
de V. Exas, o que pode ocorrer, tiraria dos Vereadores qualquer
possibilidade futura. Ganharíamos tempo e aproveitaríamos mais a discussão.
Por derradeiro, tenho comigo a definitiva visão
de que o IPTU é um imposto sério, e incide sobre o imóvel, jamais sobre o
habitante do imóvel. É claro que devemos, ao votar a lei, levar em conta
definitivamente o poder de contribuição, a capacidade contributiva do morador
do imóvel, que são fatos isolados e que podem ser resolvidos até pela
Secretaria da Fazenda. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Queremos convocar as
Lideranças Partidárias para, imediatamente após o encerramento dos trabalhos,
uma reunião na Sala da Presidência, onde iremos acertar o andamento dos
trabalhos no dia de hoje. A Mesa enfatiza a necessidade da presença das
lideranças e dos Srs. membros da Mesa para que se combine o andamento dos
trabalhos. Por outro lado, a Mesa orienta que não haverá mais Sessão pela manhã
e dentro das propostas que deverão ser discutidas pelas lideranças será
impossível retomarmos Sessão pela manhã. Então, a orientação é que a Sessão
será retomada às 14 horas, esperamos que já com os encaminhamentos definitivos
e, conseqüentemente, com todo material disponível para o encaminhamento da
discussão e votação.
Liderança com o Ver. João Dib, pelo PDS.
O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores. Antes de mais nada eu quero dizer que o Ver. Dilamar Machado pagou
muito menos IPTU neste ano de 1991 do que eu, que tenho um apartamento menor do
que o dele. Deve ser porque é o PDS.
O PDS, no início deste ano, quando pediu a
convocação extraordinária da Câmara para que o IPTU fosse reexaminado, o fez
tentando encontrar uma solução para uma população que estava angustiada. Essa
angústia me parece que está presente de novo, porque ontem eu tive telefonemas,
até às onze e meia da noite, de pessoas preocupadas. Hoje, às sete horas, os
telefonemas reiniciaram, até de orelhão, para que eu, juntamente com os outros
Vereadores, cuidasse de não haver um acréscimo muito violento. Para que eu
pudesse tomar café e me vestir, tive que desligar o telefone, senão, não
estaria aqui. Eu quero dizer que a Bancada do PDS, à semelhança do que fez em
janeiro, quando convocou extraordinariamente a Casa para resolver o problema,
está aberta a um diálogo e talvez a um Substitutivo único que a Casa expresse a
sua opinião e não está preocupada com cartazes aí que falam em "IPTU
Progressivo - Justiça Social", porque é por isso que as coisas boas não
acontecem neste País, existe muita má informação e as pessoas pensam que fazer
cartazes ajuda. Não, a má informação não ajuda em nada. Eu concordo com o
cartaz que vem aqui pedir a pavimentação da Afonso Arinos ou a pavimentação da
Avenida Polar. Isso eu entendo como lógico, como correto, como a Associação do
Partenon vir aqui pleitear que as suas reivindicações sejam atendidas, agora,
informações que não são válidas, que podem
ser discutidas, de repente um homem como eu que estuda, que acha que
entende, que é capaz de explicar que o IPTU progressivo socialmente é
interessante, e a própria Constituição diz que é, mas quando é em razão do
interesse social e não do valor venal do imóvel. Eu já aceitei. Por favor, não
provoquem o tigre que está adormecido, eu já aceitei o posicionamento da Casa
que por maioria concluiu que a progressividade valia e eu concordei. Eu não
estou aqui para criar problemas, eu quero soluções, eu sei ler a Constituição e
a Constituição diz que tem que ser pelo valor venal. Agora, não provoquem, por
favor. Não percam tempo retirando cartazes para botar cartazes outros eu acho
que não devem ser provocados, de repente nós vamos fazer esta provocação. O que
eu fiz num determinado dia, a Casa não entendeu e eu aceitei o
não-entendimento. Eu queria zerar toda a legislação do IPTU e fazer uma nova,
justa, correta, equânime e equilibrada. A Casa não quis, a Casa é soberana, o
PDS votou e não conseguiu. Então, vamos votar o que existe agora, vamos buscar
a melhor solução e não pedir que crianças passem a ser mal-informadas e desde o
seu primeiro momento com a Câmara Municipal, levantando cartazes que não têm
sentido. A população tem que aprender que só cresce, que só valoriza, quando
defende o que pode ser defensável e tem condições de argumentar para fazer a
sua defesa. Não se iludam, não levantem problemas que não existem e que não
estão sendo discutidos.
Era isso que eu queria colocar desta tribuna
reafirmando que o PDS está disposto a buscar a solução para a Cidade. Nós não
queremos o mal do Sr. Olívio Dutra, porque nós que representamos a Cidade
queremos que ele acerte todas as coisas e não podemos permitir que determinadas
medidas sejam tomadas de forma impensada, porque também ouvimos a população e
aí não éo PDS, é o PT e o PDT, todos nós ouvimos. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Estão encerradosos
trabalhos.
(Levanta-se a Sessão às 11h38min.)
* * * * *